Uma das mais estranhas e indisserníveis sensações que já experimentei foi a estranha presença da morte.
É um desespero marcado pela busca da superação. Um gosto esquisito, uma fatia do terror que acaba incrustada no peito. Uma dor constante. Um veneno que corrompe, faz perder a razão.
Eu não quero dizer que ela é má. Não é isso. É como tentar explicar para uma criança que ela não pode mais ficar com o bico. É surreal. Rasga os tecidos tênues de razão que embasam o nosso comportamento.
Ainda assim, fiquei impressionado com que frieza eu conversei com médicos, enfermeiros, funcionários. E mais impressionado ainda com a frieza deles.
Ainda não foi dessa vez. Graças ao Grande Irmão, o Magrão e os outros seres iluminados que tive a honra e o privilégio de ter a ajuda sempre próxima e presente em todos os momentos.
Fica aqui o meu sincero agradecimento, o qual um dia espero fervorosamente retribuir, seja aqui ou em outra vida.
terça-feira, 5 de setembro de 2006
segunda-feira, 4 de setembro de 2006
AKHLOT - A História de Finli
Era um dia muito frio nas montanhas de Akhlot.
Na sua grande maioria, todos os dias eram assim. Mas no verão, as flores tomavam as colinas que se tornavam uma espécie de mosaico colorido de padrão incerto, mas de uma beleza ímpar para aqueles que habitavam Akhlot.
O trabalho era duro mesmo nos dias frios. Era necessário sempre sair em busca de carne, pois o apetite dos moradores de Akhlot não era dos menores. E era Finli o caçador escolhido daquela dia.
Em seu auxílio, seu primo Bhandir saiu com ele em busca da carne de javali branco, a mais saborosa, e que Finli jurou aos seus entes queridos conseguir.
– Bah! Maldito seja você e sua família, Finli, filho de Manthir!
– Você é sangue do meu sangue, Bhandir, filho de Ursal. Porque me afronta desta maneira? – respondeu Finli com um riso sarcástico estampado no seu rosto.
– Zombeteiro de uma figa! Me tirar do lado de minha querida Ulin para buscar carne.
– Você se ofereceu primo, lembra? – retrucou Finli.
– Você sabe porque me ofereci. Eu lhe devo.
– Então porque ainda estamos discutindo?
– Pois saiba primo, que eu não concordo com o que me diz. Eu acho que seu sopro é um desafio. Um chamado. Uma tentativa de chamar a atenção daqueles que a veneram com fervor. Acho que ela quer que a encontremos. Acho que ela quer que seus filhos vão de encontro ao Norte, ter para com as pessoas altas. Ensinar e aprender com elas.
– Devaneios! Bah, eu adeio seus devaneios primo! Do jeito que gritamos para Brunhilda os javalis já devem ter fugido! – disse Bhandir dando as costas para Finli.
– Eu já tenho tudo planejado primo! Em menos de um mês você saberá tudo! – disse Finli enigmático.
Bhandir sabia o que seu primo queria dizer. E, no fundo, homens de Akhlot, ou de qualquer lugar, da espécie deles, não tentaria abraçar o primo mais velho que muito lhe ensinou. Não tentaria evitar que partisse, por mais que lhe doesse o coração. Pois mesmo com todo este sentimento, Bhandir sempre soube que Finli se aventuraria fora dos domínios de Ahklot. E agora, isso estava tão perto, que a dor e a raiva que lhe permeavam a alma e o corpo eram grandes demais para serem revelados.
FIM DA PARTE 1
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