- Oi.
Ela sequer levantou os olhos. Estava lendo aquele romance. Mas eu tinha que perguntar.
- Sabe, hoje antes de eu vir para cá?
- Ainda não sei, mas tenho certeza que vai acabar me dizendo - disse ela secamente.
- Pois é... Eu tive uma conversa longa com os meus alunos. Eu estava acabando a aula e aí um dos eles falava que adorava olhar para o céu e imaginar que não estava sozinho. Sabe, existem mihlares de estrelas por aí e as possibilidades são infinitas!
- Sei. Você não vai parar não é? - retrucou ela de novo.
- Não - respondi sorrindo.
Ela fechou o livro abruptamente e me olhou. Eu continuei.
- Então... Você tem que concordar comigo. Existem milhares de planetas por aí e não é possível que estejamos completamente sozinhos e abandonados! Deve outros seres por aí! O que será que eles estão pensando? Será que eles tomam chá como a gente? Será...
- Pára. Agora.
- Mas não é difícil de imaginar, é fácil se você tentar!
- Não. É impossível. E eu não quero mais ouvir esta ladainha.
- Olha. Você tem que...
- Eu não tenho nada! Eu estudei muito para chegar até aqui. E já conversamos sobre isso antes e você sabe exatamente a minha posição! Porque você insite nisso? - ela respondeu com veêmencia enquanto servia o chá. Ela não estava brava, apenas irritada porque eu continuava insistindo.
Eu fiquei calado então. Ela me olhou, respirou fundo e disse:
- Ok. Ok. Qual a irrefutável prova científica você traz para esta cientista hoje?
Eu sorri.
- Certo. Olha eu andei lendo um estudo sobre como é possível provar matematicamente que o universo deve possuir vida em outros locais.
- Espera. Eu não discuto a existência de vida. Somente que ela exista exatamente como a gente ou no mesmo nível que agente, isto é, tecnologicamente falando.
- É um trabalho de um tal Jacobsen que...
Ela comeceu a se irritar de novo.
- O trabalho de Jacobsen já tem mais de vinte anos! Você não pode se apoiar nele! O trabalho de Bactharaya é muito mais recente e mostra que os argumento de Jacobsen estão um pouco equivocados.
- Mas... Ele mostrou a probabilidade de existência de vida!
- Só que ele usou idéias muito gerais e você não pode ser geral neste caso! Além disso, ele não levou em consideração coisas básicas como a gravidade. Claro que é um trabalho de valor extremamente importante, uma vez que ele iniciou a idéia de vida, mas ele estava errado quanto...
- Não pode ser. Eu não admito.
Ela ficou me olhando parada enquanto eu via que ela certamente tinha se irritado. E eu adorava isso.
- Olha aqui poeta: se nossas discussões são pra chegar neste ponto, eu não quero discutir mais nada com você! Seu... ignorante!
Ela começou a juntar as suas coisas e botar na mochila. Acho que exagerei.
- Não, espera. Imagina pelo menos se eles forem diferentes de nós!
- Agora chega, eu vou embora.
Fui atrás dela o mais rápido que podia. Ela se arrastava rápido até mesmo pra mim.
- Já imaginou se eles tiverem dois olhos ao invés de um? Hein? Vamos! Pense nas possibilidades! As diferenças! Vamos, você tem que admitir!
Cara, essa ía ser uma noite daquelas!
Cara, gostei do conto. O final me surpreendeu (e tu sabe que não é sempre, né...). Só uma pergunta, o Jacobsen do conto não é o Saulo, é? He-he-he-he
ResponderExcluirBuenas, fico muito contente que tenha voltado a escrever.
[]s e siga assim!!!
Não sei pq, mas esse "buenas" não me é estranho...
ResponderExcluirViajei?!
A propósito, só eu que acha que daqui uns tempos vai faltar tempo para os projetos? Hã?!
ResponderExcluirMuitas coisas a serem discutidas...! :P
Só uma pergunta, o Jacobsen do conto não é o Saulo, é? He-he-he-he
ResponderExcluirSIM! É apenas uma singela homenagem. É porque ele também andou escrevendo e eu vou perguntar se ele quer que eu ponha no blog. Vamos ver...
Ah! Que bom que tu curtiu o conto Veybi.