Eu podia dizer que ando meio desligado, que nem sinto meus pés no chão... Mas não. Acho que uma das mais claras características da "maturidade" é te puxar para terra.
O vídeo game da vida real tem uma só vida. O bom é que igualmente ao Street Fighter tem barra de energia. Dá pra dizer que tem até uma barra de especial. Difícil é ter energia nela...
O que me chama a atenção é que nessa contemplação do tempo que passa (talvez aí esteja o erro) tudo muda e eu nunca me senti tão despreparado. E eu devia estar preparado para quê? Para o mundo real com suas preocupações diárias de problemas surreais. Não posso dizer que tudo mudou rápido. A cada curva do espaço-tempo eu percebia que tudo mudava, todo dia, toda hora, todo momento. O tempo passou... Eu não. Talvez por me recusar a crer que o tempo passava, eu me cristalizava. Eu me mantinha ali. Inteiramente eu, esse eterno desconhecido.
Claro que essa é uma meia verdade. Eu não tenho mais o rosto que eu tinha e no espelho essa cara não é minha. Só que eu ainda não sei exatamente quem eu sou. Um amontoado de clichês. Vivo exatamente como os nossos pais. Continuo em uma busca pela segurança financeira. Continuo achando que não tenho o suficiente. Continuo achando que sou pior do que gostaria de ser. Continuo sonhando com um eu que não existe. E chegamos enfim, ao que me motivou a escrever este texto. Ah, tolerância...
Tolerância que eu não conheço. Que me falta nos momentos chave, que me inunda sua ausência. Que me falta. Um amigo me disse que dada as atuais circunstâncias, talvez eu não seja culpado. Talvez.
Dia desses, apartei uma "quase" briga. Quem quase brigavam eram 2 senhores de mais de 60 anos, a socos, por uma atitude infantil de outro de menos de 50. Incomodado, irritado, acabei julgado como culpado pela situação, pois me preocupei quando deveria rir. Rir do ridículo que era apartar dois velhos.
Ah, tolerância, aonde estás? Porque levo tudo tão a sério? Que erro infantil me afoga que minha freudiana existência não descerra? Ah, tolerância... Tolerância débil que tolera meus erros e não os dos outros. Tolerância fútil que me permite errar e o mesmo erro cometer e, aos outros, negar clemência. Como é fácil ser assim um desconhecido (in)tolerante. Alguém que conhece o certo, não pratica o correto e motiva o incerto. Dúvidas que não esclarecem. Que respostas não apresentam. Assim como a vida. Que nada trás de esclarecimento. Ou que é tão clara, pura, cristalina em sua essência, que meu olhar embotado, enuviado, não permite enxergar.
Enfrentando os problemas do dia-a-dia eu percebo que os tons de realidade que eu vivo são pequenos e irreais. Aliás, a surrealidade dessa vida é que me surpreende. Hoje eu vivo aos trancos e barrancos empurrado por uma situação que se instalou. Evidentemente, não sou inocente. Sou culpado por cumplicidade, inércia, inépcia, preguiça... A lista é grande, infindável.
Por isso, agradeço aqueles que mais claramente enxergam a vida e que a mim toleram. Obrigado pela tolerância que para comigo possuem. Tolerância para com alguém que sonha em se expressar lindamente com palavras escritas, mas que tem preguiça demais e esmero de menos com as mesmas. Obrigado por tolerarem desculpas esfarrapadas, fracas, ridículas mesmo, de alguém que é uma quebra-cabeça traumático que quando montado só revela uma figura estranha, incompleta.
E obrigado ao ECAD que espero que não cobre pelas pequenas letras de músicas que usei neste texto. Ah, tolerância!
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