Se tem uma coisa que eu realmente não aturo mais nos jogos de RPG é a forma, pra lá de simplista, que a magia é abordada. Acho que eu sou muito mimimizento com isso. Meus amigos já não aturam mais minhas reclamações quanto a sistemas mágicos. Já criamos um sistema independente, já adaptamos coisas a sistemas específicos, e por aí vai, muito disso devido a criatividade do pessoal e também ao meu ranso.
Bom, alguns dos reais motivos que me fazem encher o saco com a magia no RPG:
- Magos são overpower.
Já começamos com o pé esquerdo amigo. Serão overpower, só se o mestre deixar. Vejam, ser uma mago em um mundo qualquer deveria ser extremamente difícil. O personagem mago deveria ter um monte de requisitos, tais como, código de honra, voto, inimigos (grupo), aliados, magnetismo sobrenatural, idade, entre outros. Deveria necessariamente fazer parte de uma guilda de magos e responder a ela caso faça cagadas por aí.
"Ah, mas daí eu não posso fazer meu mago independente, jovem, louco, distraído, megalomaníaco e sem as mãos..." Como não pode? Claro que pode! A única coisa é criar uma história convincente para isso. Uma sugestão de história muita suja: O mago jovem pode ser uma espécie de avatar mágico, nasceu imbuído de magia. Tanto poder mexeu com os miolos dele, que ficam toda hora fora do lugar. Por conta disso tudo, ele é "meio" distraído. Faz uma bola de fogo explosiva e quando vê uma borboleta, pira, joga a bola de fogo pro lado e sai correndo atrás do bichinho. Claro, ele quer dominar a todos. Bom, ele perdeu as mãos quando foi fazer suco de cana :P
Portanto, magos não são overpower coisíssima nenhuma. Um bom mestre pode balancear bem as coisas. Mais ou menos seguindo a idéia de Vampiro: A Máscara e Mago: A Ascensão, resolver tudo na magia é levantar o véu ou coisa que o valha. A energia mágica deve ser usada com sabedoria, tanto pro bem, quanto para o mal. Claro que seu for malvadão vou tentar deturpar isso um pouquinho... E aí o mestre deve entrar com tudo e dar os devidos penalties! Caçadores de bruxa, Inquisição religiosa, demônios, anjos, fadas, duendes, outros magos, guildas... A lista de inimigos que se sintam atingidos pelo uso indiscriminado da magia pode ser absurda! Assim, acho que dá para um mago ter poder, desde que não exista uma enxurrada de magos pelo mundo.
- O mago usa a sua própria energia para fazer magias.
Puxa, isso dá muito enrosco comigo. Eu não acho legal que um cara que sofra tantos penaltys (se o mestre seguir a idéia ali de cima) e ainda tenha que se borrar todo ou ficar impotente no meio de uma luta. Isso sempre foi broxante para mim. "Seja criativo!" Sei... Até eu tentar uma magia e ter que ser carregado pelos outros personagens...
Olha, esse não é o real problema. Só acho que seria interessante que ele durasse mais tempo. "Gemas de energia!" Claro, todas bem acessíveis! Isso é só uma muleta. Mais tarde vou detalhar minha idéia sobre isso.
- A "tripa" mágica
A "tripa" é principalmente conhecida pelos jogadores de GURPS. Você compra magias, uma a uma, formando o seu grimório, anotado em uma coluna da planilha de persongem, formando a maldita "tripa". Eu sei que o GURPS é um sistema aberto e que se o mestre disser que pode comprar uma escola inteira, desde que pague o custo, tá tranquilo. Ah, e que ele pode escrever em linhas se quiser, num papel de pão. Também sei.
O problema é aquele monte de magias, onde, um dia, talvez, se tu tiver as 8 gemas de energia, não tiver feito nenhuma magia no dia, tu vais poder usar a "Abismo infernal" e salvar a todos. Claro, grandes sacrifícios... Béh! Comprar uma quantidade gigante de magias só pra usar aquela lá... Novamente o sistema de verbos mágicos (Mago: A Ascensão, Magia de Improviso do GURPS) me parece muito mais interessante. Ainda assim, uma idéia ainda melhor é níveis para cada mago, o que libera só um determinado "pool" de magias. Assim, a medida que o personagem sobe de nível ele pode comprar as magias que deseja, dentro daquele pool, de acordo com a história ou alinhamento ou terreno... Uma infinidade de coisas pode ser criada aí.
- Magia negra ou branca?
Essa é outra discussão interessante e que seria um grande penalty para aventureiros mágicos. O que seria a magia negra? Aqueles que lidam com necromancia, demônios, destruição em geral, são magos negros. Ah é? Simples assim? Os outros são bonzinhos? Vamos discutir isso daqui a pouco.
- Criar e transformar
Uma das coisas mais irritantes são magias tipo criar e transformar. Criar a partir de magia, na minha opinião, algo elemental como "água" deveria ser extremamente difícil. Tá, a energia mágica foi manipulada de tal forma que se formou em água... Bom, o nível de manipulação do querido deve ser alto pra caramba então... Na verdade, qualquer mago chulé faz isso no RPG. Cara, Uma idéia muito interessante que li em um livro é que nada é criado do nada usando magia. Nesta sistema, se eu "criar água" ela vai surgir, mas, em algum lugar do mundo (astral, mágico, terreno), água foi "descriada". Nesse caso, o criar e o transformar, passam a ser algo um pouco mais como "realocar". A água é "magicamente transportada" de um lugar para outro. Essa uma idéia que também gera muito histórias. Vamos falar de magos porradas: Gandalf. Se vocês puderem citar uma vez em que o Gandalf cria alguma coisa do nada, eu gostaria de saber. Sério. O do filme então, nem se fala. Acho que em momento algum isso é observado. Ele possui um staff, cristal no staff (luz!), espada (úia), mas não cria coisas do nada! É o mega blaster da magia. Tolkien concordava comigo :P
Qual é a minha concepção de magia e mago:
A magia é uma força natural. Ela está presente em tudo que é natural: plantas, pedras, água, ar, espírito, estrelas... Para dominar esta energia, o mago precisa ser um estudioso. Ele precisa estudar os que vieram antes dele e fizeram experimentos que os permitiram manipular essa energia. Uma vez que você compreende a forma básica de manipulação de energia, você pode usá-la para fazer magias!
Simples, não? Assim, fazer magias como "Fogo" deve ser algo simples, sem gastar energia. "Isso já existe e se chama Aptidão Mágica. Tá no GURPS!" Eu sei disso. É uma ótima tentativa de balancear as coisas e modificar os custos de magia... Só que todo mundo faz magos com AM +3! "Eu não! É muito melhor jogar com um mago com AM +2 ou AM +1!" Ah, fala sério! Deve haver jeitos menos engessados de fazer isso. Uma forma interessante é um sistema que dependa ou SOMENTE da energia do ambiente ou de um SISTEMA MISTO de gasto energético.
Isso pode enriquecer muito uma aventura. Neste caso o mago dependeria do mana local. Isso explicaria, por exemplo, porque magos seriam estudiosos "reclusos". O lugar que eles realizam seus experimentos deve ser cheio de mana, o que facilitaria a manipulação e execução mágicas. Outro fato interessante relacionado a gasto energético e magias: magias complexas demoram mais. "Isso também tá..." Eu sei! Eu sei. Mas a idéia não é essa. A idéia é penalizar o mago muito mais pelo tempo que ele precisa para "preparar" e "canalizar" a mana do que propriamente o gasto energético. Por exemplo, se ele usar magia do próprio corpo ele pode dar um "boost" temporal na magia, isto é, diminuir o seu tempo de execução. Mais ou menos como fazer uma mágica rápida e suja. Contudo, a penalidade deve ser adequada: usar energia vital reduz o tempo, mas se houver choque de retorno (falha) da magia, o mago sofre o dano igual ao total de pontos usados (isso é só exemplo). Dá pra adaptar coisas mais balanceadas.
Um exemplo: Jujuba (mago iniciante) quer fazer a magia "Abismo infernal". Evidentemente, esta não é uma mágica do nível de aprendizado dele. De cara, ele já teria largado. Supondo que ele tenha níveis suficientes, Jujuba se defronta com um sério problema: o custo não só em mana, mas o tempo necessário para manipular toda essa energia, com a capacidade que ele possui, para realizar tal façanha. Segundo seus cálculos, Jujuba teria que ficar 1 mês ininterrupto "conjurando" para realizar a magia. Ele pensa e decide usar sua força vital. Feliz, ele descobre que usando este artifício o tempo fica reduzido para apenas... 15 dias! Jujuba vai embora e desiste de fazer tamanha asneira!
Outra possibilidade é juntar um grupo de magos para reduzir ainda mais o custo...
Outra ideia interessante é que o mago precisa de apetrechos que diminuem o gasto energético na hora de manipular essa energia: adagas, temperos, giz, cristais... entre outros. E ele ainda deve preparar, juntar tudo do jeito certo.
Quanto a magia branca ou negra, porque não um sistema que caracteriza magia negra da seguinte forma: TODA e QUALQUER magia que for feita influenciando ou infringindo o livre-arbítrio de cada um, é magia negra? Legal? Até cura pode ser magia negra! Basta que a pessoa não concorde em ser curada. O mago herói deveria ser muito cuidadoso, não?
Bom, é isso de momento. Meus amigos mimimizentos, deleitem-se.