terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A bofetada

Eu moro em frente a um motel, como a maioria dos meus amigos sabem. Essa posição privilegiada permitiu que eu observasse diversas cenas interessantes. Realmente interessantes. Mas essa última eu realmente acho que é digna de nota.

Era o dia 2 de janeiro de 2010. Eu estava ali, em pé, observando pela janela o clarear do dia por volta das 6 da manhã. O dia amanhecia bonito e com algumas nuvens populando o céu que se apresentava com um misto de azul e rosa. O movimento de pessoas e carros era muito pequeno e eu ouvia os passarinhos cantar. Era um amanhecer bonito.

Minha contemplação foi interrompida por um barulho de porta de garagem abrindo. Do motel em frente, um carro saiu pela porta da garagem recém aberta. Era um carro branco que após sua lenta saída parou a uns 5 metros da entrada do motel, em frente a uma sinaleira. Logo após a parada do carro, o motorista abriu a porta e dirigiu-se ao porta-molas. Ele abriu o porta-malas do carro e ali dentro havia um homem com uma latinha de cerveja em punho. Até aí nada demais. Um menagé em um motel. O trio só decidiu que o motel não devia saber que além de um casal, havia mais uma pessoa.

Enquanto o rapaz foi saindo lentamente do porta-molas, uma mulher saiu do carro também. Existia aquele clima de confraternização. Algumas risadas e a mulher aguardava o rapaz do porta-molas na porta do carona. O rapaz chegou perto dela enquanto disse alguma coisa que eu não consegui entender.

De repente, a bofetada. Logo após fazer o seu comentário, o rapaz recebeu do lado esquerdo do seu rosto uma das mais rápidas e estaladas bofetadas que já tive o prazer de presenciar. O rapaz ficou tão surpreso quanto o eu. Por alguns segundos, ele ficou ali, estaquiado ao lado da porta do carro. A garota entrou no carro, no banco de trás. O motorista, que pareceu não ter notado o que aconteceu, também entrou e bateu a porta do carro.

O rapaz esbofeteado continuou ali, parado. Ele levou a cerveja, provavelmente gelada, em direção ao rosto e entrou no carro. O carro deu a partida e seguiu o seu caminho.

Eu e os passáros ficamos ali observando tudo. O mundo seguiu seu rumo enquanto eu fiquei ali pensando: mas o que foi que esse idiota disse?

Sério... Como alguém pode dizer algo que tire uma outra pessoa do sério após um menagé? Como isso é possível? Digamos apenas que alguns tabus e vergonhas foram certamente deixados de lado nesse caso para que o trio tenha concordado com a relação sexual, certo? Tenham eles caído pelo grau alcoólico dos envolvidos ou não. Então, o que pôde, por Deus, ter tirado aquela mulher do sério?

Bom, eu fiquei um tempão pensando nisso... Cheguei a algumas alternativas:
- Na próxima eu deixo você enfiar no meu...
- Agora nós podemos acabar!
- O Calypso é o grupo que eu mais amo!
- Ele é foi muito melhor que tu!

Esses são só exemplos. Foi um começo de 2010 bem diferente para mim. Aceito sugestões de mais frases.

Um comentário:

  1. Também pode ter sido:
    - Até o porta-mala é melhor que teu bafo (podre essa!)
    - Por que não me deixou usar camisinha? Eu tenho aids (humor negro, digo afrodescendente!)


    Mas as perguntas que não querem calar, para mim, são outras:
    O que fazias às seis da manhã na janela? Ainda não tinhas dormido? Ou já estavas levantando?

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